Perder peso com Ómega-3?
O artigo aborda a questão de saber se o consumo regular de peixe ou a ingestão de ácidos gordos Ómega-3 pode influenciar o peso corporal, tendo em conta a predisposição genética. Para isso, foi analisado um estudo realizado nos Estados Unidos, publicado em 2019 na revista “The American Journal of Clinical Nutrition”. Aqui resumimos os resultados deste estudo.

Concepção do Estudo
A predisposição genética para a obesidade foi definida utilizando um sistema de pontuação de risco genético. Esse sistema avaliou segmentos hereditários específicos que podem influenciar a relação entre o peso corporal e a altura. Através desse exame genético detalhado, foi possível determinar uma pontuação de risco individual para o excesso de peso genético de cada participante.
Além disso, os indivíduos foram divididos em 4 grupos com base na frequência do seu consumo de peixe ou de Ómega-3. O grupo 1 incluía indivíduos que consumiam peixe ou ácidos gordos menos de uma vez por semana. O grupo 4, por outro lado, incluía indivíduos para os quais o peixe ou os ácidos gordos Ómega-3 faziam parte da sua dieta diária.
O efeito dos ácidos gordos Ómega-3 no peso corporal
Nos resultados dos 3 estudos individuais (NHS, HPFS e WHI), observou-se que uma ingestão elevada de peixe, bem como de ácidos gordos Ómega-3, atenuava o aumento do peso corporal determinado geneticamente. Este fato foi particularmente evidente no IMC (Índice de Massa Corporal) dos indivíduos, que analisa o peso corporal em relação à altura. Um consumo suficientemente elevado de Ómega-3, bem como de peixe, teve um efeito positivo a longo prazo no desenvolvimento do IMC.
O grupo com maior consumo de peixe e de ácidos gordos Ómega-3 de cadeia longa apresentou a influência genética mais fraca. Por outras palavras, neste grupo, a predisposição genética para a obesidade teve o menor efeito negativo no desenvolvimento a longo prazo do IMC.
O que são ácidos gordos Ómega-3?
Quem não o sabe pelo seu próprio circulo de conhecidos: a partir dos 40 anos, o ponteiro da balança tende a apontar, de forma lenta mas constante, para cima. Um a dois quilos a mais por ano não são invulgares. As pessoas afetadas ficam muitas vezes sem fazer o que fazer. Não conseguem explicar porque é que o seu peso aumenta de ano para ano, enquanto os seus hábitos alimentares se mantêm praticamente inalterados, e perguntam-se como podem contrariar esta evolução.
Fatores que influenciam o peso corporal
Estudos científicos demonstraram que o aumento constante de peso na meia-idade é fortemente determinado não só pelo estilo de vida, mas também por fatores hereditários. No entanto, um número crescente de dados sugere que uma ingestão elevada de ácidos gordos Ómega-3 pode atenuar o aumento de peso determinado geneticamente.
Por isso, um estudo recente investigou agora a relação entre a predisposição genética individual de uma pessoa e o desenvolvimento do seu peso corporal. Foi investigado se um elevado consumo de peixe e/ou uma elevada ingestão de ácidos gordos Ómega-3 marinhos pode atenuar o aumentar o peso corporal geneticamente determinado ao longo da vida.
A interação entre os genes e o consumo habitual de peixe foi monitorizada e avaliada exaustivamente num total de 24,000 indivíduos do “Nurses’ Health Study” (NHS), do “Health Professionals Follow-Up Study” (HPFS), e do “Women’s Health Initiative” (WHI) durante um período de mais de 6 anos.
Mas então o Ómega-3 faz-nos magros?
No estudo acima descrito, os investigadores chegaram à conclusão de que um consumo elevado de peixe ou de Ómega-3 contraria um aumento de peso constante ao longo da vida. Mais concretamente, foi demonstrado que o Ómega-3 atenua o efeito dos genes que provocam este desenvolvimento.
Os ácidos gordos Ómega-3, por si só, não têm a capacidade de promover uma perda de peso significativa. A prática de atividade física regular e a adoção de um estilo de vida saudável continuam a ser os pilares fundamentais no tratamento e controlo da obesidade. No entanto, os ácidos gordos Ómega-3 podem desempenhar um papel complementar, contribuindo para um equilíbrio nutricional adequado e para a manutenção de uma saúde geral optimizada.